(Foto: Justiça Eleitoral) |
Vez ou outra, vemos pessoas questionando a idoneidade do processo eleitoral. Em muitos casos, o descrédito vem acompanhado de uma solução simples e imediata: o pedido de impressão do voto eletrônico. Isso porque, a grande antagonista da história é uma velha conhecida: a urna eletrônica. Esta “vilã”, é construída como um instrumento que atenta contra a democracia. A despeito desta patuscada, a urna segue como um dos grandes avanços da história do Brasil e sua defesa faz-se necessária.
A urna eletrônica é, diferente do que dizem, usada em muitos outros países. Segundo o site do TSE, 46 países, além do Brasil, fazem uso da urna eletrônica, sendo que, 16 deles não fazem boletim de urna. Inclusive, 6 estados dos Estados Unidos da América fazem uso de votação eletrônica. Sem sombra de dúvidas, a criação da urna eletrônica é um dos maiores acontecimentos do século XX e uma das maiores criações do povo brasileiro. A agilidade na apuração e as diversas camadas de segurança são fatores que atestam que a urna eletrônica é extremamente confiável, porém, há quem diga o contrário. Os argumentos, em sua maioria, seguem certa lógica, entretanto, não fazem sentido algum. Dentre as fake news que circulam por aí, uma das mais recorrentes é: “Se até o sistema do pentágono é hackeado, porque as urnas não seriam?”. Parece fazer certo sentido, mas este argumento desconsidera completamente o fato de que a urna não é conectada a internet ou a algum supercomputador. Tendo essa informação, é necessário fazer um breve exercício mental: se as urnas não se conectam, para “fraudar” uma eleição é necessário ter acesso a todas as urnas e alterar uma a uma antes da eleição. A verdade é que nem Tom Cruise em Missão Impossível conseguiria tal feito.
Deixando de lado as teorias conspiratórias e falando de fatos: Em quase 25 anos, a urna eletrônica já elegeu FHC, Lula, Dilma e Bolsonaro. Além disso, diversos governadores, senadores e deputados, dos mais diversos espectros ideológicos, também foram eleitos sem que houvesse nenhum caso de fraude comprovada. A urna é segura e os fatos comprovam isso. Neste momento, cabe adentrar em outro ponto importante: ela é auditável. Em 2014, o PSDB, do então derrotado Áecio Neves, solicitou a auditoria e recontagem dos votos, alegando que o resultado não condizia com a realidade. No fim das contas, constataram que não houve nenhuma distorção da realidade.
O histórico da urna comprova sua confiabilidade, o que não pode ser dito do voto em papel. Analisando a última eleição estadual sem urna eletrônica, o Cientista Político Jairo Nicolau relembrou que houve o cancelamento de eleições devido a fraude na contagem de votos. Este fato não foi uma exceção na história brasileira, pelo contrário, não são poucos os casos de fraude nas eleições com voto em papel.
Todavia, o que está sendo debatido no Brasil não é a volta do voto em papel e sim uma “mescla”: a impressão do voto eletrônico. Basicamente, a pessoa vota na urna e um comprovante é impresso. Este ponto já gera um debate: em um dado momento dizem que o comprovante pode ser levado embora. Em outro momento, que o comprovante cairá em uma urna transparente e ficará guardado para uma provável recontagem. Aqui cabe ressaltar alguns pontos: hoje já há uma impressão dos votos, o chamado boletim de urna, que atesta a quantidade de votos que cada candidato teve na secção eleitoral. Esta impressão é coletiva e não mostra quem votou em quem. Já a impressão que estão propondo é diferente, pois ela é individual e atenta contra o princípio do voto secreto. Caso o eleitor tenha contato com este comprovante, cria-se margem para a compra de votos e/ou voto de cabresto. Caso este eleitor não tenha contato com o voto impresso, cabe questionar o seguinte aspecto: se a urna “está fraudada”, porque a impressão não estará? Afinal de contas, uma urna que distorce a realidade, não imprimirá algo diferente da realidade que a urna quer criar. Simplesmente não há lógica em achar que uma urna fraudada imprimirá algo diferente da fraude. Por fim, parte-se do pressuposto de que a recontagem garante segurança, caso o resultado seja diferente do esperado. Como apontei anteriormente, não faz sentido, porém o “diferente do esperado” abre margem para dois fatores: questionarem as eleições e fraudarem as recontagens.
Analisando de forma lógica e racional, é possível constatar que a impressão do voto eletrônico simplesmente não agrega em nada. Entretanto, várias brechas são criadas para fraudes e questionamento dos resultados, o que atrasa e agride nossa democracia. O Brasil precisa caminhar para um universo onde as eleições sejam mais transparentes e éticas. Porém, a impressão do voto eletrônico, não faz parte do caminho, pelo contrário, é um atraso nesta jornada.
Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do Matéria Pública.
Excelentes exemplos sobre a segurança em volta da urna eletrônica e ainda inclui todo o sistema que envolve a segurança de cada voto. Belo destaque ao fato de que a urna pode ser auditável.
ResponderExcluirPo! Esses caras são bando de vagabundo! Tem q acabar com tudo isso ai! Viva Gilmar Mendes para nos salvar disso!
ResponderExcluirA ONU tem de intervir nisso aqui!!!
ResponderExcluirExcelente! E ainda acrescento no gasto que isso irá gerar ainda mais. A produção de papel inútil...
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