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(Imagem: Divulgação) |
Apenas três toques no celular e mulheres vítimas de violência doméstica e familiar podem acionar a Polícia Militar. É para agilizar o atendimento emergencial nesses casos que foi criado o Botão do Pânico Virtual, dispositivo lançado no dia 12/03 que passou a integrar o App 190.
O botão é liberado apenas para mulheres que possuam medidas
protetivas de urgência, concedidas através da Lei Maria da Penha. Ele possui
duas funcionalidades: a primeira é o acionamento imediato da Polícia Militar,
que terá acesso à geolocalização do celular e fará um atendimento de emergência
por meio das informações disponíveis no aplicativo.
A segunda é a gravação do som ambiente durante 60 segundos,
que é enviada à equipe policial como material de apoio para a compreensão do
contexto da emergência. As duas funcionalidades operam independentemente, de
modo que, caso a vítima feche o aplicativo durante a gravação do som, isso não
interfira no seu atendimento.
A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Tribunal de
Justiça do Paraná, e Governo do Estado, através das secretarias da Segurança
Pública, da Justiça, Família e Trabalho, Celepar e Polícia Militar.
QUEM PODE USAR
O objetivo do aplicativo é dar atendimento emergencial e
prioritário às vítimas de violência doméstica que possuam a medida protetiva e
estejam sob grave risco.
Para as mulheres que já possuem a restrição, é necessário
apenas a autorização do juiz responsável pelo caso. A desembargadora Ana Lúcia
Lourenço, coordenadora da Cevid (Coordenadoria da Mulher em Situação de
Violência Doméstica e Familiar) no TJPR, explica que qualquer mulher que já
possua a medida e ainda se sinta em situação de risco pode requerer o uso do
botão.
“Esse contato pode ser feito por meio de comunicação a
autoridade policial, que encaminhará o pedido ao magistrado; por intermédio do
Ministério Público; pela Defensoria Pública ou ainda pelo advogado particular
da vítima”, diz a desembargadora. Os números do TJPR mostram que, em todo o
Estado, mais de 29 mil mulheres têm medidas protetivas de urgência.
Mulheres que não possuam medidas protetivas e se sintam
ameaçadas devem buscar o serviço da Justiça para obter a restrição. A
desembargadora explica que, para isso, a vítima pode procurar a Polícia Civil,
a Defensoria Pública ou um Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a
Mulher. O juiz então analisa o caso e concede a ordem judicial.
A desembargadora reforça que a concessão do Botão do Pânico
pode ser dada tanto a mulheres que já possuam a restrição como àquelas que
obtenham a medida futuramente.
COMO BAIXAR
Uma vez com a liberação judicial, a vítima deve fazer o
download do aplicativo 190 PR, disponível para celulares Android (via Google
Play) ou iPhone (via App Store). No primeiro acesso ao app será necessário
fazer um cadastro com informações básicas, confirmando os dados informados
na medida protetiva, e liberar o uso do GPS pelo aplicativo – o que é essencial
para o atendimento emergencial por parte da PM. Após o cadastro e liberação, o
Botão do Pânico é automaticamente liberado no aplicativo para quem já possuir a
autorização para usá-lo.
COMO ACIONAR
Após o cadastro, o botão do pânico pode ser acionado pela
vítima a qualquer momento do dia. Para isso, basta abrir o aplicativo. O botão
estará visível em vermelho na parte inferior da tela inicial do app. Para
acioná-lo, a vítima deve deslizar o botão e, em seguida, selecionar o nome do
agressor que está violando a medida naquele momento.
“Quando a vítima desliza o botão, surgem na tela as
informações do agressor [contra quem ela possui a medida protetiva]. Se ela
tiver mais de um mandado, todos os nomes aparecem para que ela selecione o
autor da agressão. A partir desse momento, a PM já é acionada, recebendo a
localização em que ela se encontra”, diz Jurandir Cordeiro Gonçalves, analista
sênior e gerente de projetos na Celepar que participou de todas as etapas de
desenvolvimento da ferramenta.
O aplicativo então passa a monitorar o som ambiente durante
um minuto, enviando o áudio para a equipe policial ao final da gravação. “Esse
envio não influencia no atendimento policial em si, porque a equipe já possui o
registro da ocorrência. Ele serve como um complemento para que, durante o
trajeto, a polícia saiba a gravidade da situação – se envolve, por exemplo,
alguma menção a um objeto que coloque a vida dela em risco”, esclarece o
analista.
Segundo a desembargadora, o botão do pânico permite
atendimento de forma efetiva. “O dispositivo opera de forma discreta e sigilosa
e permite que mulheres possam acionar ajuda sem a necessidade de se deslocar
até a delegacia. O dispositivo permite que mulheres que já se encontrem em
situação de urgência e perigo consigam obter ajuda sem risco de contágio da
Covid-19 e sem infringir as normas de segurança impostas na pandemia”, enfatiza
a desembargadora.
ONDE ESTÁ DISPONÍVEL
O dispositivo está disponível para 15 municípios
paranaenses: Londrina, Fazenda Rio Grande, Ponta Grossa, Pinhais, Cascavel,
Irati, Arapongas, Curitiba, Foz do Iguaçu, Maringá, Campo Largo, Matinhos,
Apucarana, Paranaguá e Araucária.
A seleção das cidades se deu com base na proporção entre o
número de casos de violência doméstica e o número de habitantes da cidade, além
de localidades com maior índice de agressão. Ao longo dos próximos meses, o
projeto fará estudos de viabilidade para a implantação do dispositivo em mais
cidades seguindo o mesmo critério de seleção.
DENUNCIE
A ferramenta é mais uma alternativa no enfrentamento no
combate à violência doméstica, mas não é a única solução. “Estamos vivendo um
momento pandêmico muito difícil, em que a situação das famílias está mais
difícil e fragilizada, e há aumento no número dos conflitos familiares. Não há
dúvidas de que o confinamento intensificou o problema preexistente da
subnotificação de ocorrências de violência doméstica”, diz a desembargadora.
Segundo relatório do Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos publicado em março de 2021, o Brasil registrou 105.821
denúncias de violência contra a mulher em 2020 através dos números Ligue 180 e
Disque 100.
Dados publicados pela pasta em maio de 2020 mostram que,
mesmo com a subnotificação de casos, houve um aumento nas denúncias,
demonstrando que a violência ganhou força com o isolamento social. Em março de
2020, o número de denúncias tinha avançado quase 18% em relação ao mesmo
período de 2019. Em abril, a quantidade de denúncias de violência contra a
mulher recebidas no Ligue 180 deu um salto, crescendo quase 40% com relação ao
mesmo período do ano anterior.
A desembargadora Ana Lúcia Lourenço lembra que a violência
doméstica é crime e que pode colocar em risco a situação não apenas da mulher
como de toda a família. Por isso, é importante sempre denunciar a agressão à PM
em qualquer ato de violência.
“É muito importante que a sociedade entenda que essa é uma
questão de ordem pública, e não do casal. Nosso objetivo é que a situação não
chegue até o feminicídio. Por isso, precisamos que a população se conscientize
e nos ajude a comunicar esses fatos às autoridades policiais”, afirma a
desembargadora. A denúncia pode ser feita de forma anônima através do número
190. O sigilo da identidade é garantido.
*AEN
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